segunda-feira, 14 de julho de 2014

Endovélico, Semana 1: Introdução


Para começar este ciclo de trabalhos e meditações, gostaria de dar uma idéia básica sobre Endovélico para quem O não conhece (o que inclui 99,9% das pessoas, não tenho ilusões a respeito...)
Ele é a mais conhecida Divindade dos Celtas da Península Ibérica, e uma das quais chegou até nós porque os Romanos adotaram seu culto quando ali chegaram; na verdade, todas as inscrições dele são do período romano-ibérico, escritas em Latim, geralmente ex-votos deixados por um devoto em agradecimento por graças obtidas -- e foi justamente essa fama, de conceder graças de cura de doenças ou oráculos a consulentes, que o tornou famoso e manteve seu culto até a cristianização no século V dC, quando seus santuários foram abandonados (ou, como ocorreu no outeiro da Mota, convertidos em igrejas cristãs dedicadas a São Miguel) e esquecidos.
Foi o trabalho de J. Leite de Vasconcelos, historiador e arqueólogo português, que revelou ao mundo os santuários esquecidos dos Deuses Antigos da Ibéria e Lusitãnia, e o nome das Divindades ali cultuadas: quem visita o Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa pode ver os altares e imagens tiradas das escavações do santuário de Terena.
E, como disse no post anterior, o culto a Endovélico está sendo revivido aos poucos, e mesmo agora já congrega gente bastante para atrair o interesse turístico da prefeitura do Alandroal, que todo ano promove uma semana de debate arqueológico e festividades mais ou menos pagãs, culminando este ano com o rito celebrado pela ordem Wicca Celtibera (de quem desavergonhadamente tomei a imagem do post)sábado passado.
Porque essa é a questão: sabemos de Endovélico (ou dos outros Deuses de sua terra) apenas o que a arqueologia, a etnografia, a linguística e a religião comparada nos permitem saber, e o resto é obrigatoriamente fruto de imaginações, cuidadosamente alimentadas pelas fontes que citei, e sobre as quais, se temos sorte, a Inspiração desce e vivifica como possíveis ritos, preces e devoções praticáveis nos nossos dias; até onde chegamos, nós, devotos do "deus presentíssimo e prestativíssimo", as próximas semanas, assim espero, mostrarão.

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