quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Futuro

Não precisamos do Ogham, de ler os presságios, ou das Profecias de Merlin para saber de uma coisa sobre o futuro com certeza absoluta: ele virá, quer o queiramos ou não.
Estamos agora, no começo do século XXI, numa crise de dimensões planetárias: economias desmoronam, populações levantam-se contra os governos que as oprimem, a poluição e o desmatamento ameaçam alterar o clima da Terra, religiôes se enfrentam como exércitos em batalha...
E no entanto, e não por acaso, nós estamos aqui agora: nosso dán nos levou a estarmos vivos nesta era de mudanças com todas as ameaças e promessas que isso acarreta, e tendo (re)descoberto o Druidismo como sendo o nosso caminho, nos perguntamos: como agir, qual é a nossa contribuição para sanar essas crises e trazer a harmonia ao nosso mundo?
Nós somos tanto os beneficiários da herança cultural e espiritual dos Celtas quanto essa herança se beneficia de nós; do mesmo modo que o primeiro humano a pisar na Lua disse "a Terra é o berço da Humanidade, mas não se pode permanecer para sempre no berço" eu digo: os territórios Celtas são o berço do Druidismo, mas ele terá de sair pelo mundo para sobreviver.
Nós, brasileiros que seguimos o caminho druídico, temos diante de nós a tarefa de fazer o Druidismo europeu se aclimatar em solo nativo, sabendo que esse Druidismo brasileiro não vai poder ser homogêneo em vista dos vários ecossistemas e regiôes que compôem nossa terra -- cada lugar terá o seu próprio modo de ser druídico, modificado por clima, fauna, flora, geografia e geologia, assim como pelas culturas locais e pelas tribos de Espíritos da Natureza que ali se manifestam -- mas que aquilo que nos une, os laços de amizade e os ideais de um modo de vida em harmonia com tudo e todos que nos rodeiam, será sempre mais importante que essas diferenças que nos separam.
John Michael Greer escreveu em 2004 uma carta-manifesto, Druidry and the Future, onde ele lançou o desafio de que cada Druida deveria aprender e dominar três disciplinas -- ecologia (teoria e prática, como restaurar ecossistemas danificados), cultivo/criação orgânicos, sistemas de cura natural e prevenção de doenças -- e ensiná-las a mais pessoas, pois nos tempos que virão, à medida que as pessoas despertarem para a necessidade de reconstruir sua relação com este mundo e com o Outro-Mundo, será a nós que elas procurarão, vendo em nós e nosso modo de vida uma tábua de salvação nos mares tempestuosos que se aproximam.
Mas não se trata de converter todos ao Druidismo, pois a mesma diversidade que é essencial ao mundo natural vale também para o mundo cultural, um não pode ser pensado sem o outro -- não, a tarefa é mais grandiosa e difícil, o que teremos que fazer é relembrar cada cultura e religião humanas de suas próprias raízes na Natureza: fazer os Cristãos lembrarem dos exemplos de São Francisco, São João Gualberto, Santa Brígida e outros, os Judeus da missão de Adão de zelar pelo Jardim do Éden, os Islâmicos de que a Natureza é obra de Allah -- não viemos destruir, mas restaurar, e nesse respeito pelo caminho alheio devemos basear nossa missão.
Dizem que o dito Chinês, "que você viva em tempos interessantes", é na verdade uma praga rogada poeticamente; mas, movidos pela esperança de um destino melhor para nós e nosso mundo, vamos lê-la como uma promessa, de que nosso dán, orientado pela Inspiração sempre acessível a todos nós, nos conduzirá por caminhos seguros para um novo mundo...

Bendita nossa jornada, que nos trouxe até aqui
Bendito o Sagrado que nela se expressa
Bendita a missão diante de todos nós,
e a Inspiração que a revela a cada passo

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